Decorreu entre 23 e 24 de Fevereiro últimos a 9.º jornada dedicada às Casas-Museu em Portugal. O encontro deste ano foi acolhido pela Casa-Museu Frederico de Freitas, no Funchal.
O DEMHIST é o comité Internacional do ICOM para as casas históricas e casas-museu, criado em 1998 para analisar e debater questões muito próprias respeitantes às casas-museu. Esta tipologia específica de museus abrange um vasto universo de casas, desde palácios reais, castelos, residências de personalidades ilustres até casas bem mais modestas, testemunhos de modos de viver ou de construir passados. Um dos seus objetivos é aproximar os profissionais do sector, estabelecendo grupos de trabalhos que se debruçam sobre diversas temáticas como a categorização das diferentes tipologias de casas-museu, questões relacionadas com a gestão, exposição, conservação, segurança, a comunicação, etc., promovendo e divulgando boas práticas e exemplos de sucesso.
O DEMHIST tem um grupo de trabalho em Portugal que, desde 2010, reúne anualmente com o objetivo de promover o intercâmbio de ideias, de experiências e um melhor conhecimento da realidade nacional. Este ano o DEMHIST-Portugal convidou a Casa-Museu Frederico de Freitas a acolher essas jornadas, que se realizam pela primeira vez fora do território continental.
O programa do encontro desenvolveu-se em dois dias, o primeiro dia decorreu no auditório da Casa-Museu Frederico de Freitas e foi reservado às intervenções de oradores convidados que, na perspetiva das casas-museu, abordaram o tema proposto pelo ICOM para o Dia Internacional dos Museus 2018, Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos. A importância dos múltiplos meios de comunicação ao dispor da sociedade é crescente e a rede de conexões globais e locais são um campo complexo e inesgotável de oportunidades para as instituições museológicas.
Na sessão de abertura intervieram os responsáveis regionais do sector – a Directora Regional da Cultura, Teresa Brazão, o Director de Serviços de Museus e Património Cultural, Francisco Clode de Sousa -, bem como o Presidente do ICOM-Portugal, José Alberto Ribeiro e a presidente do DEMHIST, Elsa Rodrigues.
As jornadas decorreram com a intervenção de Rosanna Pavonni, especialista no estudo, identificação e categorização das casas-museu, com o tema: “Not all connections are digital: intergenerational approach and house-museums”. De seguida Teresa Pais, directora do Museu Quinta das Cruzes apresentou “O Portal Online dos Museus da Madeira: catálogo coletivo de bens culturais”. A última comunicação esteve a cargo de António Ponte, Director Regional da Cultura do Norte, que focará “Casas-Museu – Locais onde o Património Material e Imaterial confluem numa comunicação orquestrada”. Os trabalhos encerraram com um animado debate moderado por Maria de Jesus Monge, directora do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança, seguido de visita à Casa-Museu Frederico de Freitas, guiada pela directora, Ana Margarida Araújo Camacho.
Os estudos em torno da especificidade desta tipologia de museu têm tido como eixos estruturantes as interacções espaço/colecção/indivíduo. Actualmente torna-se evidente a importância de um quarto vector que completa e dinamiza os anteriores, o ‘espírito do lugar’, a dimensão imaterial de vivência que dá inteligibilidade e individualiza determinada residência, de um personagem/família/grupo. Rosanna Pavoni resumiu esta leitura inovadora como : A casa-museu é o lugar da interpretação interdisciplinar, a quinta essência do paradoxo!’.
A manhã do segundo dia foi preenchida com visitas orientadas ao Museu Quinta das Cruzes e ao Palácio de São Lourenço, pelas respectivas responsáveis, Teresa Pais e Margarida Camacho.
A jornada reuniu algumas dezenas de profissionais e docentes, incluindo estrangeiros, que consideraram unanimemente a utilidade de promover encontros e debate sobre temas que unem todos os que procuram garantir a transmissão da memória, particularmente face a sempre renovados desafios sociais e tecnológicos.
Em 2019 cumprir-se-ão dez anos destas partilhas e é vontade do grupo de trabalho assinalar essa etapa regressando ao Norte, provavelmente em Março. Desde já aqui deixamos o desafio a todos os que partilham deste interesse!
Texto: Maria de Jesus Monge
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