
Dois projetos portugueses estão entre os nomeados ao Prémio ICOM para as Práticas de Desenvolvimento Sustentável em Museus, uma distinção global promovida pelo ICOM – International Council of Museums, que reconhece e celebra iniciativas exemplares no setor museológico alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.
O prémio, o primeiro do género a nível internacional, destaca práticas que demonstram um compromisso real com a sustentabilidade ambiental, social e económica, colocando os museus como protagonistas da transformação cultural e comunitária.
As candidaturas decorreram no último trimestre de 2024 e ficaram conhecidos, esta semana, os 136 projetos elegíveis e aceites para candidatura. Oriundos de cinco continentes e em desenvolvimento em mais de 50 países, estes projetos refletem práticas inovadoras com objetivos de sustentabilidade ambiental, social e económica. Do conjunto, destacam-se duas candidaturas nacionais, promovidas pela Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços (Ecomuseu do Seixal) e pelo MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.
O Plano de Valorização da Biodiversidade da Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços (Câmara Municipal do Seixal) visa a conservação e restauro ambiental, a sensibilização e a divulgação dos valores naturais do espaço. O plano inclui inventariação e monitorização da biodiversidade, implementação de medidas de conservação e ações de educação ambiental. Exemplos de ações concretas incluem a instalação e monitorização de caixas-ninho para aves, a limpeza e manutenção dessas caixas, e a organização de atividades de educação ambiental para a comunidade.
O Roteiro para a Saúde Mental ocupa vários espaços do MAAT, numa lógica interdisciplinar que cruza a área da saúde com as artes visuais e a arquitetura do museu. Desenvolvido em parceria com o espaço de criação e inovação Manicómio, o programa estrutura-se em torno de três eixos principais: consultas sem paredes, que contribuem para repensar o espaço do museu, a obra, a ação, colocando o foco no espectador e no terapeuta; ações de consciencialização (como conferências, debates e formações), bem como colaborações artísticas regulares com artistas contemporâneos e criativos com doença mental.
Estas nomeações são o reconhecimento não só da excelência do trabalho desenvolvido, mas também do compromisso com a sustentabilidade, a inclusão e a responsabilidade social no setor museológico português.
A aprovação das candidaturas destes projetos é testemunho do dinamismo e da inovação dos museus em Portugal, que continuam a afirmar-se como agentes transformadores nas suas comunidades e no panorama cultural global.
Que este reconhecimento inspire ainda mais instituições a seguir este caminho de impacto positivo e duradouro.
A lista dos finalistas será conhecida nas próximas semanas e o vencedor durante a Conferência Geral do ICOM em novembro 2025, no Dubai.
Lisboa, 5 de julho 2025
David Felismino
Presidente do ICOM Portugal
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