ICOM Portugal subscreve Declaração do ICOM pela Paz

Posted by on Ago 14, 2025 in Destaques, Notícias

ICOM Portugal subscreve Declaração do ICOM pela Paz

Na sequência das discussões ocorridas durante a 176.ª Sessão do Conselho Executivo do ICOM, realizada em Paris, a 27 de junho de 2025, e tendo em conta os acontecimentos globais atuais, o Conselho Executivo do ICOM emitiu a seguinte Declaração pela Paz:

O Conselho Executivo do ICOM reafirma a missão do ICOM de preservar o património cultural a nível global e de unir a comunidade museológica. O ICOM está profundamente empenhado em fortalecer os museus como uma voz ativa na promoção do entendimento mútuo.

Os museus ligam e protegem, sem fronteiras.

Defendemos a paz por um futuro melhor.

O ICOM Portugal, reunido no espírito de solidariedade internacional e em consonância com os valores fundamentais do ICOM, subscreve integralmente a referida Declaração pela Paz.

Face aos desafios globais que ameaçam o diálogo intercultural, a liberdade de expressão e a preservação do património, o ICOM Portugal reafirma o seu compromisso com a promoção da paz, da compreensão mútua e da cooperação internacional através dos museus e do património cultural.

Os museus são espaços privilegiados de participação cívica, de reflexão crítica e de diálogo inclusivo. São, por natureza, lugares de democracia, onde diferentes vozes e narrativas podem coexistir, ser ouvidas e valorizadas. Assumem, também, um papel fundamental na defesa e promoção dos direitos humanos, contribuindo para a construção de sociedades mais justas, conscientes e solidárias.

Sem fronteiras, os museus promovem a diversidade, protegem a herança comum da humanidade e têm a responsabilidade ética de agir perante a injustiça, a discriminação e a violência. Acreditamos que o património cultural é um instrumento poderoso de transformação social e de resistência face à opressão.

Vivemos um tempo em que a violência e a desumanização atingiram níveis profundamente alarmantes. A normalização do sofrimento, a indiferença perante a dor alheia e o enfraquecimento dos valores humanistas põem em risco a própria noção de humanidade partilhada. É imperativo parar. Parar a destruição, o ódio, a instrumentalização do medo, e recomeçar a partir da escuta, do respeito mútuo e da dignidade de todas as vidas humanas.

Reforçamos a convicção de que os museus são, por excelência, lugares de diálogo, inclusão e construção de memória coletiva. São espaços que defendem a dignidade humana e onde se promove a justiça social, a liberdade de expressão e o respeito pela diversidade.

Para além da necessária vigilância e resistência face ao reforço de regimes autoritários, à escalada de discursos de ódio e à crescente ameaça aos direitos fundamentais, o ICOM Portugal sublinha ainda a urgente necessidade de proteger o património cultural, sobretudo em contextos de conflitos armados, onde ele é frequentemente alvo de destruição deliberada, saque ou instrumentalização política.

A destruição do património não é apenas um ataque à história e identidade de comunidades e povos, mas também um atentado à memória coletiva da humanidade. A sua salvaguarda é, por isso, um imperativo ético e uma responsabilidade partilhada.

O ICOM Portugal junta-se assim à voz global do ICOM, defendendo que a cultura, a memória e os museus são pilares essenciais para a construção de um futuro melhor, pautado pela paz, pela dignidade humana e pela liberdade.

Sem paz não há cultura viva, e sem cultura não há paz duradoura. O ICOM Portugal reafirma assim o seu compromisso com um futuro onde a cultura, os direitos humanos e o património sejam inalienáveis, protegidos e celebrados.

Lisboa, 14 de agosto 2025

David Felismino

Presidente do ICOM Portugal

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