A Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional do Museus (ICOM Portugal) vem, na sequência dos recentes desenvolvimentos sobre o edifício da Fábrica do Inglês e do espólio do Museu da Cortiça em Silves, resultantes do leilão público, realizado na passada sexta-feira, 30 de Maio de 2014, manifestar a sua profunda apreensão sobre o futuro e o destino final desta unidade museológica, perante situações ainda não totalmente clarificadas e às quais se exige uma resposta.
1- Considera o ICOM Portugal que se torna importante esclarecer, junto de várias entidades públicas (Município de Silves, DRCAlg e DGPC) e privadas (Grupo Nogueira e CGD), as implicações desta nova situação sobre o Museu, criada pela separação entre o seu espaço físico (integrado no lote global do edifício da Fábrica do Inglês, licitado pela CGD e classificado como de interesse municipal) e a sua colecção industrial (integrada num lote autónomo e licitado pelo Grupo Nogueira).
2- Torna-se igualmente necessário saber, perante as intenções já manifestadas pelo atual proprietário da colecção (Grupo Nogueira), em assegurar a manutenção do Museu da Cortiça, qual será a forma como o pretende fazer, de modo a garantir as condições mínimas de gestão, de programação e de cumprimento das funções museológicas exigidas para a credibilidade e afirmação ética e deontológica enquanto Museu, representativo da forte comunidade corticeira local e reconhecido como prestigiante prémio “Luigi Micheletti”, atribuído no contexto museológico industrial europeu.
3- O ICOM Portugal, de acordo com os seus princípios na defesa e valorização dos museus portugueses e dos seus profissionais, quer salientar o seu empenho neste caso, desejando igualmente contribuir paraque seja encontrada a melhor solução para o Museu da Cortiça de Silves, entre todas as entidades envolvidas, e que a mesma se venha a constituir como um bom exemplo para a museologia portuguesa.
A atual direcção do ICOM Portugal, tal como o fez a anterior direcção em 2010, manter-se-á atenta ao evoluir da situação.
2 de Junho de 2014
A Direcção do ICOM Portugal
Comentários recentes