
“AFINAL, O QUE É UM MUSEU?”, foi o tema dos “Encontros de Outono”, realizados no passado mês de novembro, no Palácio Nacional da Ajuda, através dos quais o ICOM Portugal pretendeu dar um importante contributo para se iniciar entre os profissionais dos museus portugueses, o espaço de reflexão e debate em torno da definição de Museu, proposto e saído da última Assembleia-Geral, da 25ª Conferência Internacional do ICOM 2019 , realizada em Setembro na cidade japonesa de Quioto.
Numa primeira e muito participada mesa redonda, que abriu estes “Encontros de Outono” e moderada por José Gameiro, fizeram-se ouvir as posições de Luís Raposo, Joana Monteiro, José Alberto Ribeiro e Mário Antas os quais, enquanto participantes ativos nos trabalhos da Assembleia Geral do Japão, quiseram partilhar a sua opinião, sobre a discussão que aí teve lugar.
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Todos apresentaram os seus diferentes argumentos acerca das opções surgidas, tendo sido manifestamente expresso que, em qualquer nova definição de museu, se deverá evitar um texto demasiado extenso e generalista ou totalmente desligado de conceitos já perfeitamente assumidos e interiorizados pela comunidade museológica internacional, devendo distinguir-se entre DEFINIÇÃO, MISSÃO e VISÃO.
Seguiu-se uma participada sessão em pequenos grupos de trabalho, para apreciação e discussão das duas propostas de definição de museu, com base na atual (em vigor desde 2007) e a nova proposta apresentada em Quioto, visando a recolha de um amplo e mais representativo conjunto de sugestões e ideias a apresentar pelo ICOM Portugal, visando uma futura decisão em Paris, no próximo ano.
Das conclusões dos vários grupos debate foi consensual a opção pela reformulação da atual definição, evitando-se ruturas e excluindo-se claramente a versão baseada apenas na nova definição.
Desse modo qualquer nova definição deverá:
1-Partir da atual, tomando-a como enquadramento conceptual e formal de base, mantendo a centralidade daquilo que define especificamente a essência dos museus, na sua originalidade ou irredutibilidade de uma forma concisa e objetiva;
2-Manter as referências explícitas a conceitos-chave como “instituição permanente“, “património material e imaterial”, “educação” e reforçando o caracter dinâmico, inclusivo, acessível e participativo dos museus.
3-Expressar um maior abertura e diversidade na democraticidade social dos museus e nos valores da cidadania, incluindo o conceito de “reflexão” como mais um dos seus fins, para além dos atuais de educação, do estudo e do deleite.
Um dos grupos chegou inclusivamente a apresentar a seguinte proposta de reformulação da atual definição:
“O museu é uma instituição permanente e dinâmica sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade, da sua diversidade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, fomentando a sua inclusão, participação e os valores da cidadania, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo, deleite e reflexão”.
Abaixo deixamos algumas fotografias do Encontro:
Não sei se já alguém se deu conta da tontaria e bizarria desta discussão, sobre o conceito de museu. Sendo instituição é claro que é permanente (não existem instituições provisórias fora da política) e todas são dinâmicas porque é essa a natureza das coisas. Sobre o património, da bizarria da divisão material imaterial e natural. Património é tudo. O que é relevante nesta discussão é o processo. aquilo que é escolhido, como é escolhido e para quê. Há que pensar que hoje em África e nas Américas, os museus já são muito mais do que esta visão limitada.