Os Comités Nacionais do ICOM do Brasil, Moçambique e Portugal subscreveram em conjunto a seguinte recomendação para a atualização do português como língua de trabalho do ICOM, a apresentar na próxima Assembleia Geral do ICOM:
Recomendamos ao Conselho Executivo uma reflexão sobre a importância das comunidades linguísticas. O afunilamento linguístico, protagonizado pelo uso massivo do inglês, empobrece o diálogo, reduz a diversidade e capacidade de comunicação.
Enquanto instituição que tem o seu foco principal na preservação do património cultural, particularmente atenta ao bem estar e sustentabilidade das sociedades, garante de inclusão e igualdade de direitos de acesso e participação, o ICOM não pode descurar a questão linguística.
A língua que falamos não é um simples instrumento, utilizado de forma mecânica para reproduzir o que a mente concebe. Este complexo processo de expressão, traduz a cultura das comunidades que a utilizam, apropriam e garantem a sua evolução no tempo e no espaço.
A adoção de mais uma língua oficial (o espanhol) confirma a importância dada ao tema. A ONU reconhece seis línguas oficiais, mas reconhecemos a dificuldade logística e financeira do ICOM em seguir esta via. Na ONU, o português é considerada uma língua de trabalho e é nesse sentido que gostaríamos de recomendar a reflexão sobre a forma de alargar os recursos linguísticos.
Várias alianças regionais do ICOM têm vindo a afirmar-se em torno de um mesmo idioma (por exemplo, o ICOM Árabe) demonstrando que, mais do que um recurso operativo, a língua é um poderoso instrumento de dinamismo cultural.
Como representantes de Comitês Nacionais de língua portuguesa de três continentes diferentes – África, América e Europa – sabemos a mais valia que tem sido a partilha de um mesmo canal de comunicação – a língua que nos une, muito para além de um código linguístico, é uma mesma matriz de pensamento que facilita os contactos e o trabalho em rede. Alem do fator de união, tem o facto de desde o período de colonização partilharem muitos aspetos culturais, que sobremaneira ligam os povos e a partilha de uma língua comum, o português, ajuda nesse diálogo.
Como ação prática, recomendamos ao Conselho Executivo que o Relatório Anual do ICOM seja também traduzido para o português. Dessa forma, ampliará sobremaneira a disseminação das informações mais relevantes do ICOM junto aos membros e não-membros de países de língua portuguesa, garantindo o acesso e ampliando a participação.
28 de fevereiro 2022
ICOM Brasil
ICOM Mozambique
ICOM Portugal
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